(DES)HABITO: PAISAGENS E MEMÓRIAS
O corpo da casa dança com minha história
Viver na casa não é suficiente para habitá-la. Para isso, é preciso viver a casa, conectar-se, transpassar-se, equilibrar-se, enaltecê-la, habitá-la, estar presente e desaparecer dentro dela, com ela, nela. Parece existir uma simbiose entre quem mora e aquela que abriga. A inter-relação é tanta, que não sou capaz de separar as minhas memórias das casas nas quais já vivi e habitei. Trata-se de uma interpenetração de corpos, objetos, sentimentos e vivências que agregam sentido e valores únicos para esse ambiente, à primeira vista banal, por fazer parte do cotidiano dos indivíduos, mas que ultrapassa seus limites para se tornar parte integrante ativa do processo do mundo vivido das pessoas. O percurso do habitar, do (des)habitar, para o retorno renovado ao habitar foi necessário para a reconexão comigo mesma. As imagens revelam a relação múltipla e os sentimentos associados ao abrigo, aos abraços, às junções, desaparecimento e presença, entre o meu corpo e o da casa. Elas podem exigir que o observador tenha de se esforçar para observá-las, na tentativa de distinguir os elementos e estabelecer conexões com a sua própria história, memórias e vivências nas casas que já habitou e que agora, eventualmente, (des)habita.