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(DES)HABITO: PAISAGENS E MEMÓRIAS

Paisagens esquecidas das relações (in)existentes

A pandemia da COVID-19 ocasionou um grande período de isolamento nas paisagens interiores da casa e afastou-me da natureza e da pluralidade da cidade. No momento em que, graças à vacina, pude voltar a habitar os espaços da rua, comecei a olhar com mais atenção os detalhes que formam esse complexo de materiais, ideias, informações e objetos. Por meio do exercício contemplativo dos elementos constitutivos do ambiente exterior que por muito tempo não pude acessar, percebi a relação ativa/passiva entre a natureza e o contexto urbano construído - edifícios, residências, asfalto, cimento, tijolo, vidro, janelas, paredes, semáforos, postes e tudo o que se pode lembrar desse universo, que ainda conta com o trânsito de seus habitantes. Ambas as instâncias parecem viver uma disputa pela existência plena do habitar: as raízes das plantas circundam as pedras das calçadas, os galhos atravessam portões e os fios de luz cortam as folhagens das árvores. Essa série de fotografias tem o objetivo de abordar as polaridades união/disputa entre o espaço urbano e flora, evocando o silêncio/manifesto que tal paisagem revela. O concreto e o orgânico envolvem-se de tal forma que se torna difícil dizer qual elemento é passivo e qual é o ativo na conquista de seu habitar. Parece que a natureza se adaptou – ou se rendeu - à presença do ser humano e toda à carga material que ele traz consigo, ao mesmo tempo em que permanece em constante movimento, transformação e renovação em seu próprio ato de habitar.

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